A tradução deste artigo se encontra no final da versão em inglês
This week’s column is about pregnancy during a pandemic. In addition to being one of the countries with the most infections and deaths caused by COVID-19, Brazil is also the country with the highest number of deaths of pregnant and postpartum women by COVID-19. This news is from a study by Brazilian nurses and obstetricians from four Brazilian universities — Unesp, UFSCAR, IMIP, and UFSC. When I read this study, besides being heartbroken by it, I started to think about how the pandemic is affecting people’s lives all over the world, but especially the most vulnerable in our communities — this isn’t about politics, although one could argue that every act is a political act — it’s about caring for one another in the best way possible so that together we can get to the other side of all the madness brought by COVID-19.
Sabrina Franconaid da Silva
My husband and I planned for 10 years to have our daughter, Kylie. When we found out we were pregnant, I envisioned the next nine months to be full of exciting plans. I was six months pregnant in March; our daughter was born on July 6. The beginning of my pregnancy was very much what I expected. I have family in Illinois, Chicago, and we were able to travel there at the beginning of the year to do a gender reveal party. My mother was going to come and help me when our daughter was born. However, everything changed. During a pandemic, pregnancy became attending hospital appointments alone, experiencing extreme paranoia to keep our baby safe, showing up to the hospital wearing a mask, feeling tired and emotional, and giving other mothers going through the same thing that smile and look of hope with my eyes. Fortunately, my husband could be present for our daughter’s birth, and now I am navigating being a first-time mother kind of on my own, as my mother can’t be here yet. My husband and I decided that I will stay home as long as possible until things start to feel safe again.
The one thing I can say to other mothers-to-be or mothers going through postpartum is to hang in there, have faith that everything will be OK, your baby feels everything, so try to relax and celebrate the joy of being pregnant and a mother — nothing lasts forever, it is all worth it.
My own experience
The year 2020 was set to be one of my best years yet — I still believe it will be by the way. In February, in the same week we closed on our first house, I received notice from the U.S. Citizenship and Immigration Services that I was scheduled to become a naturalized American citizen on March 25, and we found out we were expecting our first child.
Much like Sabrina’s experience, my husband has not been able to attend any of my prenatal appointments or ultrasounds. Being pregnant during a pandemic, it’s seeing your baby alone and recording the heartbeats to send your family and husband because only patients are allowed in the room. All expecting mothers understand and respect the way things are being conducted, and that it is for everyone’s well-being, but it doesn’t make the process any less lonely or frustrating.
I will not forget the doctors’ and nurses’ kindness, and how much strength and encouragement during such hectic times they still manage to give their patients. Last Friday, we had to rush to the hospital, as in my attempt to get our house ready, I took a tumble (everything is fine). When we got to the Cape Cod Hospital, I must have looked utterly distraught, because when I asked if my husband could come in, they didn’t even blink to say yes — I was so grateful for that. Another moment I will never forget was looking at my husband and finding him a bit emotional — it was the first time in seven months that he could hear our daughter’s heartbeat and movements in real-time instead of in a recording.
I am so curious to see what/who the babies being born during this pandemic will be. They are being born not only during a global pandemic but also during a movement to fight for freedom, liberation, and justice to create a better future for them. So my fellow pregnant ladies and the ladies who have given birth ever since the this-worldly nightmare began, when this is all over (because it will eventually be over), you will be the women who faced the unthinkable and soldiered on because you had to. If you can get through this, you can pretty much go through anything. And to the friends of expecting women or women who just gave birth, check on them periodically by phone calls/texts, offer to do their laundry, go grocery shopping for them, and drop a meal at their house. All of these acts require minimal physical interaction and can be done in safety. Most of these women no longer have the support system they had planned or hoped for, and their growing families will need the community’s kindness and encouragement during such a fragile time.
Portuguese Translation – Tradução em português
A coluna desta semana é sobre a gravidez durante uma pandemia. Além de ser um dos países com taxas altas de infecções e óbitos por COVID-19, o Brasil também é o país com maior número de óbitos de gestantes e puérperas devido ao COVID-19. A notícia é de um estudo realizado por enfermeiras e obstetras brasileiros de quatro universidades brasileiras – Unesp, UFSCAR, IMIP e UFSC. Quando li este estudo, além de ficar com o coração partido, comecei a pensar sobre como a pandemia está afetando a vida das pessoas ao redor do mundo, principlamente os mais vulneráveis em nossas comunidades – não se trata de política, embora se possa argumentar que todo ato é um ato político – trata-se de cuidar uns dos outros da melhor maneira possível para que juntos possamos chegar do outro lado de toda a loucura trazida pelo COVID-19.
Sabrina Franconaid da Silva
Eu e meu marido planejamos nossa filha, Kylie, por 10 anos. Quando descobrimos que eu estava grávida, imaginei que os próximos nove meses seriam cheios de planos emocionantes. Eu estava grávida de seis meses em março; nossa filha nasceu no dia 6 de julho. O início da minha gravidez foi como eu esperava. Tenho família em Illinois, Chicago, e pudemos viajar para lá no início do ano para fazer uma festa de revelação de gênero. Minha mãe viria me ajudar quando nossa filha nascesse. No entanto, tudo mudou. Durante a pandemia, a gravidez passou a ser ir sozinha às consultas hospitalares, vivendo extrema paranóia para manter nosso bebê seguro, comparecer no hospital usando uma máscara, sentindo-se cansada e emotiva, e dando a outras mães passando pela mesma coisa um sorriso com os olhos assim como um olhar de esperança. Felizmente, meu marido pode estar presente no nascimento de nossa filha, e agora estou navegando se tornar mãe pela primeira vez sozinha, já que minha mãe ainda não pode estar aqui. Meu marido e eu decidimos que ficarei em casa o maior tempo possível até que as coisas comecem a ficar seguras novamente.
A única coisa que posso dizer a outras futuras mães ou mães em fase de pós-parto é aguentar firme, ter fé que tudo vai ficar bem, seu bebê sente tudo, então tente relaxar e comemorar a alegria de estar grávida e de poder ser mãe – nada dura para sempre, e no final tudo vale a pena.
Minha experiência
O ano de 2020 estava com cara de que seria um dos meus melhores anos – e ainda acredito que será. Em fevereiro, na mesma semana em que assinamos a escritura da nossa primeira casa, recebi um aviso dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos de que estava agendada para me tornar cidadã naturalizada americana no dia 25 de março e descobrimos que estavámos esperando nossa primeira filha.
Semelhante a experiência de Sabrina, meu marido não pode comparecer a nenhuma de minhas consultas de pré-natal ou ultrassom. Estar grávida durante uma pandemia é ver seu bebê sozinha e registrar os batimentos cardíacos com o seu celular para mandar para a sua família e seu marido, porque apenas pacientes podem entrar na sala. Todas as gestantes entendem e respeitam a maneira como as coisas estão sendo conduzidas, e que é para o bem de todos, mas isso não torna o processo menos solitário ou frustrante.
Não esquecerei a gentileza dos médicos e enfermeiras e quanta força e incentivo durante tempos tão complicados que ainda conseguem dar aos seus pacientes. Na sexta-feira passada, tivemos que correr para o hospital, pois na minha tentativa de arrumar nossa casa, levei uma queda (está tudo bem). Quando chegamos ao Hospital de Cape Cod, eu devo ter parecido totalmente transtornada, porque quando perguntei se meu marido poderia entrar, eles nem piscaram para dizer que sim – fiquei muito grata por isso. Outro momento que nunca esquecerei foi olhar para meu marido e encontrá-lo um pouco emocionado – foi a primeira vez em sete meses que ele ouviu os batimentos cardíacos e os movimentos de nossa filha em tempo real, ao invés de em uma gravação.
Estou tão curiosa para ver o que/quem serão os bebês nascidos durante esta pandemia. Eles estão nascendo não apenas durante uma pandemia global, mas também durante um movimento de luta pela liberdade, libertação e justiça para criar um futuro melhor para eles. Então, companheiras grávidas e mulheres que tiveram seus bebês desde que este pesadelo mundial começou, quando tudo isso acabar (porque eventualmente acabará), vocês serão as mulheres que enfrentaram o impensável e lutaram porque não havia outra opção. Se você conseguiu passar por esta, você pode praticamente encarar qualquer obstáculo. E para os amigos de mulheres grávidas ou que tiverem seus filhos recentemente, liguem/mandem mensagem periodicamente, ofereça-se para lavar suas roupas, fazer compras de supermercado para elas e deixe refeições caseiras ou de restaurantes em sua casa. Todos esses atos requerem mínima interação física e podem ser realizados com segurança. A maioria dessas mulheres não têm mais a rede de apoio que planejaram ou esperavam receber, e suas famílias em crescimento precisarão da gentileza e do incentivo da comunidade durante este período tão frágil.