
A tradução deste artigo se encontra no final da versão em inglês.
During the holidays and other celebrations such as a birthday, someone will inevitably ask me if it is a challenge to live away from my family. The answer truly depends on where I am emotionally and spiritually at the time. This week it would give me a knot in my stomach, as the desire to live closer to my family gets stronger as I get older. I will be 33 this week.
I know I am not alone in this feeling. I chose saudade — a word that doesn’t have a literal translation but expresses a sense of longing for something or someone — to be the name of my column because I know that it is the one feeling we, as immigrants, are bound by. We miss the smells in the streets from our native countries, listening to our language everywhere we go, the type of food only our mothers know how to make, lost loves, the petty fights with our siblings, and the many intricacies that are unique to the place of our birth.
When I first came to the United States in June of 2000, the only way I could speak with my family and friends was to buy prepaid phone cards — $2 for 500 minutes and $5 for 1,000 minutes. The Internet was AOL, which required endless patience if I wanted to use MSN Messenger or ICQ types of messaging apps favored by Brazilians in the early 2000s.
As time went by, things became easier. There was the Blackberry and its BBM- Blackberry messaging system, which allowed folks who owned a Blackberry to text their friends and family in Brazil without having to pay extra for it. Then, in 2007, the first iPhone was introduced to the world, and companies who provided Internet services upped their game. Although you can still go to Cumberland Farms to buy a physical phone card to call home, now you can also purchase them online. However, the most utilized and efficient way for Brazilians both in the United States and Brazil to communicate nowadays is WhatsApp — a mobile messaging app that allows its users to exchange messages without having to pay for SMS, to create groups, and to send one another unlimited images, video, and audio messages.
WhatsApp in Brazil was recently in the news. Judge Sandra Marques of São Bernardo, São Paulo, requested that Facebook, which controls the app, release messages about an individual under investigation for a crime related to drug trafficking. Her request was ignored by Facebook, so she ordered the app to be blocked for 48 hours. Facebook CEO Mark Zuckerberg condemned the judge for interfering with freedom of speech, and posted on his Facebook page, in both English and Portuguese, urging Brazilians to continue to make their voices heard. The Brazilian perseverance prevailed, and most Brazilians who use the app quickly learned ways to get around the block by using VPN and other apps such as Telegram, which in essence is similar to WhatsApp. Ultimately the block only lasted 12 hours.
The reasons why Brazilians on the Island choose to call the United States home vary. Some are here for the opportunities afforded to them: safety, financial gain, a better education system, and many other reasons. I choose to be a woman in the United States as I know how different my reality as a woman in Brazil would be. That is one of the reasons why I choose to live so far away, and rely on the advancement of communication to feel connected with my family and friends in Brazil.
I haven’t yet learned how to get sick without my mother’s chicken soup, or how to get beyond how much I wish I could be more involved in my 8-year-old nephew’s life by attending his soccer practice, school plays, etc. And when my heart breaks, I still believe that the solution would be the dinners held at my home in Brazil on Sundays, where the family chaos and dynamics are constant distractions and reminders of how much I am loved.
I got married over the holidays, and through WhatsApp, my family got to be part of my wedding by being on the other side of the screen. Because of how far technology has come, we, the courageous souls who leave everything behind to conquer our dreams, can now have our families be included in our sorrows and celebrations. In technology terms, we are only a call, text, or app away. We carry our friends and family who are in different parts of the world in our hearts and pockets.
Portuguese translation – Tradução em português
Durante as festas de fim de ano, assim como entre tantas outras celebrações como aniversários alguém inevitavelmente me pergunta se é difícil morar tão longe da minha família. A resposta realmente depende de como me encontro emocionalmente e espiritualmente no momento. Esta semana, a pergunta elicitaria um nó no meu estômago, a vontade de morar próxima à minha família só aumenta com a idade. Completo 33 anos esta semana.
Eu sei que não estou sozinha neste sentimento. Eu escolhi saudade – uma palavra que não tem tradução literal, mas expressa o desejo e a vontade de estar próximo de alguém ou algo – para ser o nome da coluna brasileira porque eu sei que é neste sentimento que nós, imigrantes, nos unimos. Afinal todo mundo sente falta de alguém, da família, do seu país. Nós sentimos falta do cheiros que as ruas dos nossos países têm, escutar a nossa língua onde quer que vamos, as comidas que só as nossas mães sabem cozinhar, amores perdidos, as briguinhas por nada com nossos irmãos ou nossas irmãs, e as diversas sinuosidades que fazem os nossos lugares de origem serem tão únicos.
Quando eu cheguei pela primeira vez aos Estados Unidos em junho de 2000, a única forma pela qual eu podia falar com minha família e amigos era através de um cartão telefônico pré-pago – $2 por 500 minutos e $5 por 1000 minutos. A internet era AOL, o que requiria paciência infinita caso eu quisesse me comunicar com amigos através do MSN Messenger ou ICQ, os tipos de aplicativos para envio de mensagens preferidos dos brasileiros no começo e meados dos anos 2000.
Conforme o tempo passou, as coisas tornaram-se mais fáceis. Teve o Blackberry e seu sistema de envio de mensagens, o BBM, o qual os usuários podiam mandar mensagens para seus amigos e familiares no Brasil sem ter que pagar a mais. Depois, em 2007, o primeiro iPhone foi introduzido ao mundo, e as companhias que provêm internet melhoraram seus serviços. Hoje em dia você ainda pode comprar um cartão telefônico, assim como comprá-los online. De qualquer forma, a maneira mais utilizada e eficiente a qual os brasileiros no exterior e no Brasil usam para comunicarem-se em tempos atuais é o aplicativo Whatsapp – uma plataforma de mensagens a qual permite o usuário a enviar mensagens de texto, criar grupos, mandar e receber imagens, vídeos e mensagens de áudio.
Recentemente o WhatApp tornou-se notícia no Brasil. A juíza Sandra Marques de São Bernardo, São Paulo, ordenou o Facebook, o qual controla o aplicativo, a liberar mensagens sobre um indivíduo sendo investigado em um crime relacionado a tráfico de drogas. O pedido da juíza foi ignorado e ela ordenou um bloqueio de 48 horas no aplicativo no Brasil. O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, condenou a juíza por interferir com a liberdade de expressão, e escreveu em sua página do Facebook em português e inglês, um apelo aos brasileiros para continuarem a fazer com que as suas vozes sejam ouvidas. A perseverança brasileira mais uma vez prevaleceu, e a grande maioria dos brasileiros rapidamente arrumaram jeitos de usar o aplicativo, alguns usando VPN, e outros um aplicativo semelhante, o Telegram. Por fim, o bloqueio durou apenas 12 horas.
As razões pelas quais os brasileiros na ilha escolhem chamar os Estados Unidos de lar, mesmo que temporariamente, variam. Alguns estão aqui pelas oportunidades lhes concedidas: segurança, ganho financeiro, um sistema de educação adequado, entre muitas outras razões. Eu escolho ser mulher nos Estados Unidos, porque sei que a minha realidade como mulher no Brasil seria completamente diferente. Esta é uma das razões as quais eu escolho este país para chamar de lar, e dependo dos avanços em comunicação para me sentir conectada com a minha família e amigos no Brasil.
Eu ainda não aprendi a ficar doente sem a canja de galinha da minha mãe, ou como eu gostaria de poder estar mais envolvida na vida do meu sobrinho Lucas de oito anos e poder ver seus treinos de esporte, teatrinhos na escola, etc. E quando algumas situações partem o meu coração, eu ainda acredito que a solução se encontra nos jantares na minha casa no Brasil aos domingos, onde o caos e as dinâmicas da minha família são lembretes do quanto sou amada.
Eu recentemente me casei, e através do WhatsApp, a minha família pôde fazer parte do meu casamento, eles estavam do outro lado da tela. Devido aos avanços tecnológicos, nós, as almas corajosas que deixam tudo para trás para realizarmos nossos sonhos, podemos ter nossas famílias presentes para compartilharem nossas dores e celebrações. Em termos tecnológicos nós também estamos sempre presentes, basta mandar uma mensagem, vídeo, foto no WhatsApp. Nós carregamos os nossos amigos e familiares espalhados pelo mundo em nossos corações e bolsos.