Saudade: News from and for the Brazilian community/Notícias de e para a comunidade brasileira

Brazilian Faces: Luciana Fuller

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Right: Luciana, Jesse, Sophia and Anthony Fuller - Luciana Fuller

A tradução deste artigo se encontra no final da versão em inglês

And so we celebrated one more Christmas. I hope everyone had a great day celebrating the occasion with the people whom you cherish the most, and if you don’t celebrate Christmas, I hope you had a peaceful day nonetheless.

I’m taking the opportunity to end the year by interviewing Luciana Fuller for the Brazilian column. Ever since I moved to the Island, I have always seen Luciana at community functions. She is among the first Brazilians to move to Martha’s Vineyard, and I have always admired her dedication to the program Head Start.

When did you get to the Island?
I arrived on Martha’s Vineyard for the first time in 1993. I stayed on the Island for a year and a half, and then went back to Brazil and stayed in Brazil for a year and a half. Then I came back to the Island to stay for another year, and never went back to Brazil. My mother came first, as she knew some Brazilians from our Brazilian hometown, Mantenópolis, Espírito Santo. Once it had been a year, my father and I joined her.

How was the beginning on the Island?
When I got to the Island, I thought everything was beautiful and different. It was a little challenging because at the time there were no Brazilians my age, and most of the people I would be in touch with were adults. Also, we didn’t have access to the same kind of technology we now have, and I’d write letters to my friends. At the time there were no Brazilian stores, and Brazilian products were very special to us.

How was the Brazilian community back then? How has the Island changed?
The Island population during the wintertime was significantly smaller than today, and the Brazilian community was even smaller. On my 15th birthday, as far as I can remember, all of the Brazilians who live on the Island at the time attended my party. There were not a lot of things to do, and we would go to each other’s houses a lot. I made many friendships that I hold dear to my heart till this day. I met many Brazilians and Americans who helped me so much. For the people who didn’t speak English, life was more challenging than it is now. At times, the longing for Brazil would make it difficult, but luckily I have a lot of relatives in the United States, which makes me very grateful.

How has your life on the Island evolved over the course of the years you’ve lived here?
When I first arrived, I didn’t know how to do many things, and I worked in many places. I was determined and met many people who kindly taught me a lot. I worked at hotels and restaurants and cleaning houses. Now I own a cleaning business and also work at Martha’s Vineyard Community Services.

I met my husband in 1997, and we got married October of 1998, the same year I graduated high school.

Martha’s Vineyard is my home, and I love to live here. Not only it is a beautiful place, but I appreciate the beaches, and the traditions carried out throughout the year. I love summer, but I’ve learned to enjoy the calm and reflecting opportunities that winter brings, the opportunity for new beginnings presented by spring, and the evidence that everything in life changes once autumn comes around. I feel at peace and appreciate this sense of community, ever so present on the Island.

How did you get involved with Head Start?
I am a mother of two, and I am very grateful for our school system, the preschool programs as well as all of the programs that benefit our community. My son is part of the Head Start program, and my sense of gratitude for all that the program did for my son inspired me to give back not only to the program but to our community.

Would you like to share an end-of-the-year message?
I would like to leave a message of patience. May we slow down; everything happens so fast in this time we are living. We have so much to learn.
May the speed at which everything happens not get in the way of enjoying the people who are important to us, may we not let important moments go by. We need each other to be happy. Are we that different from one another? Sometimes we judge each other for our differences, but if we have patience, what looks different may turn out to be a way to seek happiness commonly. The trajectory of my life wouldn’t be the same had I not found all the people I did along the way.

Jesse And Luciana Fuller on their wedding day in 1998 – Luciana Fuller

Portuguese translation – Tradução em português

E assim celebramos mais um natal. Espero que você tenha tido um excelente dia e que  tenha comemorado a ocasião com as pessoas quem você mais ama, e se você não comemora o natal, espero que mesmo assim você tenha tido um dia de paz.

Aproveito a oportunidade para encerrar o ano com uma entrevista com Luciana Fuller para à coluna brasileira. Desde que me mudei para à ilha, sempre vi Luciana nas funções da comunidade. Ela está entre umas/uns dos primeiros brasileiros a chegar à Martha’s Vineyard, e sempre admirei seu trabalho com o programa Head Start.

Quando você chegou à Ilha?
A primeira vez que visitei Martha’s Vineyard foi em 1993. Fiquei na ilha por um ano e meio e depois voltei para o Brasil e fiquei no Brasil por um ano e meio. Então voltei para à ilha para ficar por mais um ano e nunca mais voltei para o Brasil. Minha mãe foi a primeira a vir para à ilha, ela conhecia algumas pessoas da nossa cidade natal brasileira, Mantenópolis, no Espírito Santo que estavam na ilha. Quando se passou um ano, meu pai e eu nos juntamos a ela.

Como foi o início na ilha?
Quando cheguei à ilha, pensei que tudo era bonito e diferente. Foi um pouco difícil porque não havia brasileiros da minha idade, e a maioria das pessoas com quem eu tinha contato eram adultos. Além disso, não tinhamos acesso ao mesmo tipo de tecnologia que hoje temos e eu escrevia cartas para os meus amigos. Na época, não havia lojas brasileiras, e os produtos brasileiros eram muito especiais para nós.

Como era a comunidade brasileira naquela época? Como que à ilha mudou?
A população da ilha durante o inverno era menor do que a de hoje em dia, e o número de brasileiros que moravam na ilha o ano todo era ainda menor. No meu aniversário de 15 anos, acredito que todos os brasileiros que viviam na ilha naquela época estava presentes na festa. Não havia muitas coisas para fazer, e nós íamos muito nas casas uns dos outros. Eu fiz muitas amizades que eu carrego em meu coração até hoje. Conheci muitos brasileiros e americanos que me ajudaram muito. Para as pessoas que não falavam inglês, a vida era mais difícil do que agora. Às vezes, a saudade do Brasil apertava, mas felizmente eu tenho muitos parentes nos Estados Unidos, o que me faz muito grata.

Como a sua vida na ilha evoluiu ao longo dos anos?
Quando cheguei pela primeira vez, não sabia como fazer muitas coisas e trabalhei em muitos lugares. Eu era determinada e conheci muitas pessoas que gentilmente me ensinaram muito. Trabalhei em hotéis e restaurantes e limpeza de casas. Agora eu tenho o meu próprio negócio de limpeza e também trabalho na Martha’s Vineyard Community Services.

Conheci meu marido em 1997 e nos casamos em outubro de 1998, no mesmo ano eu me formei no ensino médio americano.

Martha’s Vineyard é minha casa e adoro viver aqui. Não só é um lugar bonito, mas aprecio as praias e as tradições realizadas ao longo do ano. Adoro o verão, mas aprendi a aproveitar as oportunidades de tranquildade e momentos para reflexão que o inverno traz, a oportunidade de novos começos apresentados pela primavera e a evidência de que tudo na vida muda quando o outono chega. Sinto-me em paz e aprecio esse sentimento de comunidade, tão presente na Ilha.

Como você se envolveu com o programa Head Start?
Eu sou uma mãe de dois filhos, e eu sou muito grata pelo nosso sistema escolar, os programas pré-escolares, bem como todos os programas que beneficiam a nossa comunidade. Meu filho faz parte do programa Head Start, e meu sentimento de gratidão por tudo o que o programa fez pelo meu filho me inspirou a me dedicar não só ao programa, mas a nossa comunidade.

Gostaria de compartilhar uma mensagem de fim de ano?
Gostaria de deixar uma mensagem de paciência. Que possamos diminuir a velocidade de tudo que fazemos; tudo acontece tão rápido nesta época em que vivemos. Temos muito a aprender.
Que a velocidade com que tudo acontece não interfira com o tempo que temos com as pessoas que são importantes para nós, que possamos não deixar os momentos importantes simplesmente passarem. Nós precisamos uns dos outros para sermos felizes. Somos tão diferentes uns dos outros assim? Às vezes, nos julgamos por nossas diferenças, mas se tivermos paciência, o que parece diferente pode vir a ser uma maneira de buscar a felicidade comumente. A trajetória da minha vida não seria a mesma se eu não tivesse encontrado todas as pessoas que conheci ao longo do caminho.