Saudade: News from and for the Brazilian community/Notícias de e para a comunidade brasileira

Brazilian Faces: Marcio dos Santos

0
Marcio dos Santos during his recovery coach training via Zoom. — Marcio dos Santos

A tradução deste artigo se encontra no final da versão em inglês

We have been living in a new era for more than three months now, experiencing all aspects of life in ways never done or dealt with before. And it doesn’t look like we can confidently, even hopefully, say when this nightmare will end, which is why I believe we need to talk about our collective mental health. The very well-known TED talk given by Brene Brown on the topic of vulnerability, in which she pointed out an uncomfortable truth that the U.S. is one of the most in-debt, obese, addicted, and medicated adult cohorts, has never rung so true for me. This week’s column is another Brazilian Faces, with Marcio dos Santos, to address some of these topics — in specific, addiction.

Marcio started to experiment with drugs and alcohol at a very young age in Brazil. However, through a lot of prayer and grace, he was able to get sober at 19. Before moving to the U.S., he was very used to a life of service to others in the recovering realm, a way of life he had missed.

Tell me a little bit about your drunk history.

I was 10 years old when I started to use drugs and alcohol — the last drug I used was crack; I really reached my bottom by the time I was smoking crack. I was very poor, lived in the slums of São Paulo, and didn’t see any problems with how I lived my life until I turned 19 years old. They say that you see God in these tiny fragments of time, where if you are not paying attention, you just might think you are the one making things happen, but in my case, I was going to die one way or another because of my addiction. I was completely ignorant of what alcoholism/addiction was, and that I had a problem, which is a deadly combination. It took grace to enter my heart so that the healing could begin.

What happened?

Members of a church adopted me and took me to a type of recovery center, where I learned about my disease and was willing to listen and accept I had a problem and that I needed help. I was fortunate then to help other young people with the same problem in the center where I got clean. I started to bring the recovering talk to schools, churches, to promote discussions with parents who were struggling with a child who was abusing various types of substances, going to gyms to talk about the danger of anabolic steroids, which in Brazil people don’t seem to have a problem with, but that could bring a lot of havoc into someone’s life who has a tendency to abuse drugs and alcohol. The more I worked to help people in the same situation I had been, the more I wanted to do it, and I got better and better.

When did you decide that you also wanted to be involved with recovery on the Island?

Well, I lived in East Boston before I moved to Martha’s Vineyard, and I saw so much addiction in that neighborhood. When I moved to the Island, I started to pray and ask God to show me how to be useful. I am very involved in my church, Igreja Assembleia de Deus Semear, led by Darcy Peres, but when you have suffered in the hands of addiction, there is something magical about helping someone who is where you were. It’s redemption, and an opportunity to show that recovery is for everyone, regardless of gender, sexual orientation, where you are from, how much money you have — addiction doesn’t discriminate. I ended up crossing paths with Brian Morris from the Island recovery community, and who works at Island Health Care. He offered me the opportunity to be part of a group that would get a certificate as a peer recovery coach, and I promptly accepted. We did all the meetings via Zoom. I have not met Brian in person yet, but I can tell he is the real deal, and we truly connected.

Now that you’ve started to see how you can work in the recovery field, what are your plans?

This article is the first step to tell other members of the Brazilian community that addiction can strike everywhere, anywhere, and that there is help available on the Island in Portuguese, and that I am here to help in any way I can. If you need someone to talk privately and confidently, you can call me, email me. I am here for my community. I hope to go into jails, schools, and other places eventually when the opportunity arises. I also want to continue to learn more about recovery in the U.S., because there are aspects of it that are very different from how things are handled in Brazil — not good or bad, just different. For me, it is essential to remain teachable and willing. I will continue to study English because it is important to me that I am available not just in Spanish and Portuguese but also in English. I also want to thank the people who made it possible for me to be a part of this training, including my boss from Kent & Van Hollebeke.

A note from Brian Morris

The Island recovering community is extremely lucky to have a man, Marcio dos Santos, and a woman, Brumelha Magri, who have certificates in peer recovery coaching. Both are uniquely qualified to meet people where they are, whether people need detox, therapeutic diet, or cognitive behavior treatment. It is a turning point.

My main impression and takeaway from my experience with Marcio is that his heart and soul are in the right place, we have had similar lived experiences in life, and regardless of language, we connected.

If you would like to get in touch with Marcio, call 508-524-8136 or email oicrmarcio@icloud.com.

Portuguese Translation – Tradução em português

Vivemos em uma nova era há mais de três meses, navegando todos os aspectos da vida de maneiras nunca realizados desta forma. E pelo andar da carruagem não parece que podemos dizer com confiança, mesmo com esperança, quando esse pesadelo terminará, e é por isso que acredito que precisamos conversar sobre a nossa saúde mental coletiva. A muito conhecida palestra do TED de Brene Brown na qual ela fala sobre o tema de vulnerabilidade, na qual ela apontou uma verdade incômoda de que os EUA é uma das nações com o maior número de adultos endividados, obesos, viciados e medicados, nunca pareceu tão certeiro para mim como nos últimos meses. A coluna desta semana é outra coluna sobre um membro da comunidade brasileira da ilha que está fazendo algo para melhorar a vida de todos, Marcio dos Santos, e ele aborda alguns desses tópicos – em específico, vícios.

Marcio começou a usar drogas e álcool desde muito jovem no Brasil. No entanto, com muita oração e a graça divina, ele conseguiu ficar sóbrio aos 19 anos. Antes de se mudar para os Estados Unidos, ele estava muito acostumado a uma vida de serviço a outros também em recuperação, um modo de vida que ele havia se desconectado desde sua chegada e que sentia falta.

Me conta um pouco sobre sua trajetória de usuário a sua recuperação

Eu tinha 10 anos quando comecei a usar drogas e álcool – a última droga que usei foi crack; eu realmente cheguei ao fundo do poço quando estava fumando crack. Na infância, eu era muito pobre, morava nas favelas de São Paulo e não via nenhum problema em como vivia minha vida até completar 19 anos. Dizem que você vê Deus nesses pequenos fragmentos de tempo, onde, se você não está prestando atenção, pode até pensar que é você quem está fazendo as coisas acontecerem, mas no meu caso, eu morreria de uma maneira ou de outra por causa da forma como vivia a minha vida. Eu era completamente leigo do que era alcoolismo/vício e que eu tinha um problema, o que é uma combinação mortal. Foi preciso graçadivina para entrar no meu coração para que a cura pudesse começar.

O que aconteceu?

Os membros de uma igreja me adotaram e me levaram a um tipo de centro de recuperação, onde aprendi sobre alcolismo e estava disposto a ouvir e aceitar que tinha um problema e que precisava de ajuda. Tive a sorte de ajudar outros jovens com o mesmo problema no centro onde comecei minha recuperação. Comecei a levar palestras de recuperação para escolas, igrejas, para promover discussões com pais que estavam lutando com filhos que estavam abusando de vários tipos de substâncias, indo a academias para falar sobre o perigo de anabolizantes, no Brasil as pessoas não acham que anabilizantes são um problema, mas isso pode causar muitos estragos na vida de alguém que tem tendência a abusar de drogas e álcool. Quanto mais eu trabalhava para ajudar as pessoas na mesma situação em que eu já tinha estado, mais eu queria fazê-lo, e eu me tornava cada vez melhor, mais forte espiritualmente.

Quando você decidiu que também queria se envolver com este tipo de trabalho na ilha?

Bem, eu morei em East Boston antes de me mudar para Martha’s Vineyard, e vi muito vício naquele bairro. Quando me mudei para à Ilha, comecei a orar e pedir a Deus que me mostrasse como ser útil. Estou muito envolvido na minha igreja, a Igreja Assembleia de Deus Semear, liderada por Darcy Peres, mas quando você sofre nas mãos do vício, há algo de mágico em ajudar alguém que está onde você já esteve. É redenção e uma oportunidade de mostrar que a recuperação é para todos, independentemente de sexo, orientação sexual, de onde você vem, quanto dinheiro você tem – o vício não discrimina. Acabei cruzando o caminho com Brian Morris, da comunidade de recuperação da Ilha, e quem trabalha na Island Health Care. Ele me ofereceu a oportunidade de fazer parte de um grupo que obteria um certificado como treinador de recuperação, e eu prontamente aceitei. Fizemos todas as reuniões via Zoom. Ainda não conheci o Brian pessoalmente, mas posso dizer que é a impressão é muito boa e que realmente nos conectamos.


Agora que você começou a ver como pode trabalhar no campo de recuperação, quais são seus planos?

Este artigo é o primeiro passo para dizer a outros membros da comunidade brasileira que o vício pode ocorrer em qualquer lugar e qualquer pessoa, e que existe ajuda disponível na ilha em português e que estou aqui para ajudar da maneira que puder. Se você precisar de alguém para conversar em particular e com confiança, ligue para mim, envie um e-mail. Estou disponível para a minha comunidade. Espero poder fazer visitas em prisões/cadeias, escolas e outros lugares eventualmente quando surgir a oportunidade. Também quero continuar aprendendo mais sobre a recuperação nos Estados Unidos, porque há aspectos muito diferentes de como as coisas são tratadas no Brasil – não são boas ou ruins, apenas diferentes. Para mim, é essencial permanecer disposto a aprender. Continuarei estudando inglês porque é importante para mim estar disponível não apenas em espanhol e português, mas também em inglês. Também quero agradecer às pessoas que me possibilitaram fazer parte desse treinamento, incluindo meu chefe da Kent & Van Hollebeke.

Brian Morris

A comunidade de recuperação da ilha tem muita sorte de ter um homem, Marcio dos Santos, e uma mulher, Brumelha Magri, que possuem certificados em treinamento de recuperação. Ambos são qualificados de maneira única para dar apoio as pessoas aonde é que elas estejam em sua trajetória de recuperacão, se precisam de desintoxicação, dieta terapêutica ou tratamento de comportamento cognitivo. É um marco muito importante.

Minha principal impressão e conclusão da minha experiência com Marcio é que seu coração e sua alma estão no lugar certo, tivemos experiências de vida semelhantes e, independentemente do idioma, nos conectamos.

Se você deseja entrar em contato com Marcio, ligue para 508-524-8136 ou envie um e-mail para oicrmarcio@icloud.com.